quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Tempos difíceis!

Queridos!
Falar novamente sobre a economia brasileira parece chover no molhado, porém muitas coisas ainda precisam ser ditas. A falta de investimento nos fatores produtivos, altos impostos somados à um custo financeiro exorbitante geram o empobrecimento de uma nação. Até quando o Brasil se sustentará sem investimentos no sistema produtivo, na educação e tecnologia? Será que o problema é apenas corte de gastos públicos ou mau emprego dos gastos públicos?  O texto do Profº. Lourival Junior Franklin Ferreira aborda esses temas em seu artigo no blog e de quebra ainda nos concedeu uma entrevista sobre o seu ponto de vista fiscal e financeiro. Aproveitem a leitura!

Bjocas carinhosas!!! 

"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis geram homens fortes"

No início do ano de 2017, face ao andar da carruagem, não era nenhuma novidade que teríamos um ano bastante complicado, com necessidade de forte ajuste fiscal e consequente retração econômica.
Pois bem! Desde o início do ano o governo tem tentado caminhar com algumas medidas nessa direção! A Reforma Trabalhista foi aprovada e o governo busca, com dificuldade, avançar com a Reforma da Previdência.
Sim, essas duas reformas são extremamente necessárias e, a da Previdência, pode sim ajudar a diminuir o déficit público. Contudo, o que muito me incomoda é o fato de Governo brasileiro “vender” à sociedade a ideia de que essas reformas são a solução para todos os nossos males. O discurso é o de que a Reforma Trabalhista gerará milhares de emprego e que sem a Reforma da Previdência o Brasil quebrará no dia seguinte. Será mesmo que somente a Reforma Trabalhista será o remédio eficaz para resolver o problema do desemprego e a da Previdência capaz de equacionar o problema do rombo nas contas públicas? Já adianto que não!
Claro que ajustes são necessários e que essas medidas darão algum fôlego, entretanto, não têm o peso pelo qual nos vendem e nem serão a salvação da nossa lavoura, como vem pregando o governo brasileiro.
O que governo precisa, de fato, é encarar os fatores que impõem ao Brasil, há anos, uma perda de competitividade sistêmica sem precedentes.
É fato que, em função dos sucessivos equívocos cometidos pelo governo nos últimos anos, fortes ajustes seriam necessários. Entretanto, insisto que somente as Reformas Trabalhista, da Previdência e o aumento de impostos não serão o remédio suficiente para recolocar a economia brasileira nos trilhos.
Acrescente-se a isso o fato de ainda convivermos com umas das maiores taxas de juros do mundo, que produz efeitos nefastos à economia, uma vez que inibe os investimentos, pois se torna mais atrativo investir no mercado financeiro em detrimento do setor produtivo. Também, a alta taxa de juros contribui para o aumento de gastos do governo, o que vai totalmente na contramão do tão perseguido ajuste fiscal. No ano o governo gasta mais de R$ 250 bilhões só com o pagamento de juros para rolagem da dívida pública.
Não que eu seja contra as Reformas Trabalhista e da Previdência, mas o governo precisa sinalizar, com a mesma velocidade com que anunciou essas medidas, a implementação de políticas capazes de promoverem a retomada da competitividade brasileira. Esperamos que, com brevidade, venham a ser anunciadas medidas concretas para a diminuição do Custo Brasil, simplificação do sistema tributário, redução dos spreads e juros escorchantes que são cobrados das empresas e a melhoria da infraestrutura brasileira, com o destravamento das concessões públicas.
É certo que o ano de 2017 já está comprometido e que ainda passaremos por um período de significativa retração econômica. Sei, também, que as questões estruturais não se resolvem de imediato. Entretanto, o governo precisa dar sinalizações claras e com urgência de que irá começar a implementá-las, ainda em 2017, para que 2018, com a “casa arrumada”, venha a ser um ano de retomada do crescimento da economia brasileira.
Ainda que as previsões não sejam as melhores, já estamos à espera de 2018, pois a sociedade e o setor produtivo têm pressa!


Profº.Lourival Junior Franklin Ferreira

Advogado, especializado em Gestão Empresarial, pós-graduado pela FGV - Fundação Getúlio Vargas e com MBA pela UCI – Universidade da Califórnia, Irvane – EUA, Superintendente de Recursos no CREA/SP - Conselho Regional de Engenharia, foi também chefe do gabinete da presidência da Abimaq - Associação Brasileira de Maquinas e Equipamentos e Professor Emérito de Avaliação de empresas na BBS Brazilian Business School – Angola.



Blog Café&Finanças - Profº. No seu artigo é citado que “o governo precisa encarar os fatores que impõem ao Brasil, há anos, uma perda de competitividade sistêmica sem precedentes” Uma Pesquisa da PriceWaterhouse Coopers concluiu que nossos custos de produção são em média 60% maiores do que os de outros países, como China, México e Índia. Na sua opinião os custos altos de produção estão ligados à nossa perda de competitividade? O que pode ser feito para minimizar esses custos?

Sim, os altos custos de produção, o chamado Custo Brasil, são os grandes de vilões da nossa falta de competitividade. O governo tem papel fundamental para que possamos diminuir esses custos. A falta de investimentos em infraestrutura, por exemplo, faz com que cerca de 25% da produção de grãos seja perdida durante o transporte. Também os altos juros praticados na economia real e o modelo tributário são outros exemplos que tiram a nossa competitividade. Por isso, há a necessidade de diminuição dos juros e de uma reforma, urgente, em nosso sistema tributário. O Brasil é o único país do mundo que tributa o investimento. 
alíquota de 4% para a importação vejo como positiva, pois diminui a guerra fiscal dando as mesmas condições de competitividade para todos os Estados.

Substituição tributária, Sped Fiscal e a resolução 13 do senado (Alíquota interestadual de 4% para produtos importados) são programas de aceleração do crescimento PAC ou são na verdade custos adicionais às empresas?

Não vejo a substituição tributária como uma ferramenta de competitividade, na verdade ela veio mais para antecipar e organizar a arrecadação do estado do que para dar competitividade. O Sped Fiscal vai na mesma direção, em minha opinião trata-se de uma ferramenta que integra os fiscos e informatiza a escrituração, porém, também sem trazer competitividade para as empresas. No que se refere à uniformização da alíquota de 4% para a importação vejo como positiva, pois diminui a guerra fiscal dando as mesmas condições de competitividade para todos os Estados.

  Sem as reformas, corremos o risco do chamado "voo de galinha", ou seja, de um crescimento passageiro e sem sustentabilidade.

Economistas alemães, ingleses e americanos têm uma visão de confiança no Brasil e dizem que ao final desse ano o Brasil terá estabilidade e perspectiva de crescimento de 2%, 2,5% até 3% e que mesmo pequena como o Profº. cita aqui, o próximo ano será considerado o ano da recuperação. Mas e se as reformas ainda pendentes não forem aprovadas?

Também acredito que o próximo ano será de recuperação, e creio numa taxa de crescimento em torno de 2%, porém, considero muito pouco para um país que vem de anos seguidos de crescimento quase zero. Estou convicto de que as reformas estruturantes são fundamentais para que tenhamos um crescimento sustentado. Sem as reformas, corremos o risco do chamado "voo de galinha", ou seja, de um crescimento passageiro e sem sustentabilidade. Não há crescimento sem competitividade sistêmica e essa competitividade só virá através das reformas estruturantes. 

Em relação à mudança da meta fiscal, eu vejo como um problema, isso gera insegurança na economia e na confiança dos investidores.
O economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES, disse que os gastos do governo com juros vão cair, "o que é um fato positivo". Ele diz não ver "o drama que muita gente está vendo com o anúncio da mudança da meta fiscal”. O Profº. acredita nisso?

Concordo que que os gastos com juros vão cair, mas ainda estamos muito longe do ideal. A taxa de juros oficial, a SELIC, que determina o quanto o país paga de juros para rolagem da dívida pública está atualmente em 8,15%, enquanto a inflação projetada para o ano é de 3,50%, ou seja, ainda convivemos com uma taxa de juros real (descontada a inflação) da ordem de 5%, o que ainda é muito alta e inviabiliza o investimento. O país precisa acelerar ainda mais no corte dos juros, há espaço para isso. Em relação à mudança da meta fiscal, eu vejo como um problema, isso gera insegurança na economia e na confiança dos investidores. É como aquela empresa que a todo momento se vê na necessidade de rever o seu orçamento, ou seja, ela planejou mal ou não está conseguindo gerir de modo a cumprir o que orçou.

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