São tantas as formas de comunicação: sinais, escritas,
desenhos, objetos, imagens e cores. Usamos o corpo, o som, a tecnologia, a
locomoção, partilhamos informações transformando a comunicação numa ferramenta de
integração, instrução e troca mútua. Porém como fica o diálogo?
Segundo o dicionário, diálogo é a
conversação entre duas ou mais pessoas numa troca de intervenientes com o objetivo
não de analisar as coisas, ganhar discussões ou trocar opiniões, seu propósito
é suspender as opiniões e observá-las, embora se desenvolva a partir de pontos
de vista diferentes, o verdadeiro diálogo supõe um clima de boa vontade e
compreensão recíproca.
Dialogar não é fácil,
nem entre países, nem entre grupos, nem entre pessoas, nem entre empresas e
funcionários.
Entre todos os déficits que lidamos atualmente, os que
mais nos preocupam são os financeiros e econômicos. Palavras como crise, greve, manifestação e juros nos cercaram em notícias e noticiários mostrando o quanto temos dificuldades no campo da resolução de conflitos. Em exemplos
recentes, observamos o que a falta de diálogo pode promover numa sociedade, um
dos casos é a proposta da prefeitura de São Paulo para a reestruturação das
escolas. No projeto, a ideia era transformar as escolas esvaziadas em centros
culturais, de idiomas, de educação para adultos e ensino profissionalizante,
mas a simples tomada de decisão sem consulta dos envolvidos gerou a rejeição do
projeto.
Outro exemplo é o resultado da pesquisa feita pela consultoria Great
Place to Work (GPTW) apontando que mesmo com novos modelos de gestão
internacionais, as empresas brasileiras apresentam grande nível de insatisfação
com seus funcionários devido à falta de comunicação, ato que gera maior volume
de processos trabalhista, afastamento médico e rotatividade de colaboradores.
“Você não faz a paz com seus amigos, você faz a paz com seus inimigos”
Essa foi a frase
dita pelo primeiro ministro de Israel Yitzhak
Rabin ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1994 para exemplificar a importância
do diálogo, e não somente no aspecto político, mas em todas as áreas de nossas
vidas, temos que apreender a partilhar as opiniões, como falar, quando falar, treinar
nossa habilidade de lidar com os problemas, entender os fatores chaves para
encontrar e quebrar as relutâncias, dialogar não significa concordar com tudo,
mas sim chegar a um denominador comum.
Convidamos a relações públicas e gerente global de comunicações
internas da Votorantim Viviane Mansi, especialista em comunicação interna, para falar um pouco sobre o impacto
do diálogo dentro e fora das organizações.
(Blog Café&Finanças) Os
atos de falar e escutar, mesmo que de pontos de vista diferentes, e a troca de
idéias, fazem surgir o diálogo, podemos diferenciar os tipos de diálogos como
empresarial, organizacional e pessoal ou não há diferença?
(Viviane Mansi) Não há
diferença na prática. Para o diálogo acontecer é necessário, antes de tudo, boa
intenção, disposição e generosidade. Ouvir é uma habilidade que usamos bem
menos que falar. Precisamos equilibrar essas partes para termos mais qualidade
no diálogo.
No seu livro Comunicação, Diálogo e
Compreensão nas Organizações você menciona a dificuldade de diálogo nas
empresas em momentos de crise, qual a importância econômica do diálogo nas
relações corporativas?
Se dialogamos,
diminuímos resistências e aumentamos a abertura das pessoas para lidarem com
situações que são diferentes do que eles imaginaram. O que acontece durante
períodos de crises é que os executivos acabam lidando com muitas incertezas ao
mesmo tempo. Quando isso acontece, preferimos não falar para não nos
comprometermos com fatos /ações que podem vir a seguir e não temos controle
sobre elas. O problema é que as pessoas criam fatos onde há um vácuo de
informação. Se não falarmos, as pessoas imaginam e isso passa a representar a
realidade. Todo mundo sai perdendo.
Onde perdemos mais tempo, dinheiro e produtividade é justamente na falta de alinhamento interno.E nos momentos de vacas gordas as empresas têm feito seu papel facilitando o diálogo entre seus colaboradores internos, promovendo campanhas de endomarketing ou isso ainda é escasso no Brasil?
Felizmente não
é mais escasso. As empresas estão aprendendo que fazer boa comunicação com
empregados ajuda a construir um legado e compromete as pessoas. Onde perdemos
mais tempo, dinheiro e produtividade é justamente na falta de alinhamento
interno. Quando investimos tempo em compartilhar informações importantes para
as pessoas trabalharem melhor, a melhoria é imediata. Isso ajuda os empregados
a verem sentido no seu trabalho. Veja que eu estou usando o termo “comunicação
com empregados” em vez de “endomarketing”. Endomarketing, na minha opinião, é excelente
para quando a empresa precisa falar de um novo produto, fazer uma campanha em
que as pessoas participem muito, mas quando o assunto não é bom, fazer
marketing interno perde o sentido. Como fazer endomarketing quando o tema é uma
crise? Ou quando precisamos anunciar um desligamento em massa? Nesses casos,
precisamos de uma comunicação clara, acolhedora e que “ouça tanto quanto fale”.
O melhor dos mundos seria desenvolvermos a habilidade de pensar o futuro, considerar as premissas e envolver os impactados para participar verdadeiramente da busca de soluções
Blog
Café&Finanças Vemos famílias, lideres, grupos e governos
tomando decisões que resultam em conflitos pela falta de diálogo. Na sua
opinião onde está o erro?
Em geral,
queremos tomar decisões rápidas. Dialogar requer tempo e habilidade. Não
adianta tomar uma decisão e tentar dialogar para as demais partes envolvidas
aceitarem essas decisões. Isso não é diálogo. É imposição. O diálogo até pode
ajudar esses casos, mas não pressupõe um bom resultado, pois as pessoas
percebem que entraram tardiamente no processo. O melhor dos mundos seria
desenvolvermos a habilidade de pensar o futuro, considerar as premissas e
envolver os impactados para participar verdadeiramente da busca de soluções.
Isso aumenta maturidade dos grupos, demonstra boa vontade, e compromete as
pessoas. Nem sempre é possível, claro, mas existem muitos problemas que
poderiam ser evitados. Pensemos na reestruturação das escolas em São Paulo.
Particularmente acho a premissa boa e articulada, mas a população não acreditou
na boa intenção e na solução criada. Só acompanhei o assunto pela mídia, mas a
narrativa central foi o fechamento de escolas. Se o foco estivesse nos ganhos,
na possibilidade de mais espaços de lazer, creches ou centros de convivência,
talvez a reação fosse outra. Ficou a dúvida, baseada em experiências
anteriores.
O que precisamos mesmo é de gente falando com genteBlog Café&Finanças E sobre o excesso de diálogo, gera confusão?
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