terça-feira, 27 de setembro de 2016

A análise da evolução do processo de gestão de uma instituição financeira


A PROFISSIONALIZAÇÃO DAS instituições financeiras de médio e pequeno porte COM CONTROLE FAMILIAR

Os elementos dos sistemas de controle gerencial incluem o planejamento estratégico, preparação de orçamento, alocação de recursos, mensuração de desempenho, entre outros. O controle gerencial é imprescindível para qualquer organização que pratique descentralização, principalmente quando se pensa em entidades familiares, onde as tomadas de decisões envolvem diretamente o conflito entre Patrimônio e Gestão.
Aliar estratégias e mediar tais conflitos, buscando soluções adequadas é o que o artigo de Auro Seigui Uehara e Octavio Ribeiro de Mendonça Neto aborda.
Aproveitem o texto! Bjocas carinhosas

Atualmente as instituições financeiras brasileiras de médio e pequeno porte desempenham papéis relevantes na economia em relação a prestação de serviços de pagamento, transformação de ativos, gestão do risco e de concessão de crédito.

Assim, as Instituições Financeiras de médio e pequeno porte vem, a cada dia, sofrendo profundas modificações estruturais e operacionais. Os avanços tecnológicos, o aumento no volume dos instrumentos financeiros mais complexos (derivativos e operações estruturadas), a forte atuação normativa dos reguladores, vem impondo ao setor uma regulamentação cada vez mais exigente e com maiores custos de observância  A centralização do mercado e a crescente competitividade com as instituições de mesmo porte requer o aprimoramento dos controles gerenciais e a consequente otimização dos recursos e da construção de uma estrutura de governança compatível. A profissionalização é uma estratégica que essas instituições financeiras estão instituindo para alcançar esse objetivo.

Nesse contexto os sistemas de controle gerencial também são aprimorados.  O trabalho de Malmi & Brown (2008) estabelece que os sistemas de controles gerenciais (MCS) não funcionam isoladamente, ou seja, existe a necessidade de implementação de controles, focando não só em controles formais, como por exemplo, a contabilidade, como em controles informais tais como os administrativos e culturais. Essa compreensão de sistemas de controle gerencial como um pacote, facilita a institucionalização de controles, para apoiar os objetivos organizacionais, as atividades de controle e desempenho organizacional das médias e pequenas instituições financeiras com controle familiar. Essas instituições já são reguladas pelo Banco Central do Brasil que requer o cumprimento de normas prudências, operacionais e contábeis.

O controle dessas instituições tradicionalmente é centralizado em membros da família ou na figura do fundador. Lodi (1998, p.25) menciona que a profissionalização de uma empresa familiar é a assunção de práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas, sendo um processo de adoção de um código de conduta em substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais. Neste caso, a profissionalização da gestão altera significativamente a estrutura de governança e até a própria cultura da empresa.

A profissionalização da empresa familiar traz inúmeros benefícios. Na maioria dessas instituições os controles são estabelecidos para atender ao regulador e a profissionalização da instituição financeira é a oportunidade para desenvolver os controles, altera significamente o ambiente dessas empresas.

Adicionalmente a profissionalização da gestão pode fornecer oportunidades para que que a eficiência operacional seja aprimorada.

 

I - Contexto atual das Instituições financeiras de Médio e Pequeno Porte com Controle Familiar.
Segundo o Banco Central do Brasil (BACEN) o sistema bancário brasileiro (SBB) continua apresentando confortável nível de liquidez, embora tenha ocorrido uma desaceleração da economia, impactando no ritmo de crescimento do crédito e das captações. Ainda segundo as análises do BACEN, o SBB apresenta adequada capacidade de suportar efeitos de choques decorrentes de cenários adversos, bem como de mudanças abruptas nas taxas de juros, de câmbio e na inadimplência.
Neste contexto, as instituições financeiras de médio e pequeno porte desempenham papéis relevantes no desenvolvimento da economia concedendo crédito, de intermediação de recursos e na prestação de serviços financeiros aos seus clientes. Parte dessas instituições apresentam como peculiaridades ter controle familiar e por fazerem parte das Sistema Financeiro Nacional são submetidos a uma regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil (BACEN).
Em relação ao controle familiar, a maior parte são de capital fechado e possuem controle centralizado em uma ou mais famílias. Em alguns casos, recentemente ocorreu a abertura de capital e são considerados de estrutura familiar hibrida. Em outros casos embora a família mantenha influência estratégia significativa através da participação acionária já foram criados sem a participação da família na gestão.
Em relação ao controle regulamentar o CMN e o BACEN com o objetivo de promover a estabilidade do sistema financeiro nacional estabelecem e emitem regulamentação específica, supervisiona as atividades operacionais e fiscaliza essas instituições. Em relação a governança e controle interno entre 2006 até os dias atuais o CMN e o BACEN aprimoraram o arcabouço normativo mediante o estabelecimento de diversas normas inspirados nas melhores práticas internacionais e consubstanciadas nos padrões definidos pelo Comitê de Basiléia do Banco de Compensações Internacionais (BIS). Essas medidas foram tomadas pelo regulador para assegurar uma eficaz governança das instituições financeiras e a construção de um efetivo sistema de controles internos, que sustente a estabilidade e a continuidade das atividades individuais e por consequência a própria estabilidade sistêmica do SFN.
A concorrência crescente e o ambiente normativo que está inserido as instituições financeiras ctaom controle familiar tornam a profissionalização da gestão uma obrigatoriedade. Tendo por base essa constatação, essas instituições estão buscando alterações na gestão de negócios para continuar crescendo em um mercado extremamente competitivo. Pesa sobre essa profissionalização a necessidade de Lucro, a rentabilidade, o crescimento no mercado e em contrapartida a competitividade que são os aspectos principais que são levados em conta pelos stakeholders com o advento da gestão profissional que pretende utilizar práticas consagradas de racionalidade instrumental.

II - Profissionalização das Instituições Financeiras com Controle Familiar.
A profissionalização é um desafio de ordem operacional, que envolve determinados custos financeiros e também mudança da cultura organizacional. É um processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas; é a adoção de um determinado código ou de conduta num grupo de colaboradores; é a substituição de métodos intuitivos por métodos impessoais e racionais.
O conceito de profissionalização deve especificar as características gerais quando ele é aplicado dentro de um contexto de negócios da família, alterando seus sistemas gerenciais. Isso pode ser feito através da introdução de sistemas mais formalizados, tais como sistemas de desempenho avaliação e de incentivos de compensação e sistemas de controle financeiro, bem como a adoção de mecanismos formais de governança como os Conselhos de Administração. Além disso, ocorre a delegação de controle e descentralização da autoridade como sendo parte do processo de profissionalização.

III – Estágio atual da profissionalização das Instituições Financeiras de Médio e Pequeno Porte
Essa profissionalização pode ser representada por grandes mudanças na estrutura de gestão ou podem ser graduais e seletivas. Ou seja, pode ocorrer ao longo do tempo e da vida operacional dessas empresas.
Em algumas instituições financeiras ocorreram a abertura de capital e com isso tiveram que adequar a sua estrutura aos mesmos padrões nas Instituições não familiares. Em outras instituições financeiras o processo de profissionalização está sendo gradativo com modificações na estrutura de governança e controles da instituição. Esse processo altera a gestão tradicional das empresas familiares em que as decisões estavam centralizadas na figura de seu fundador e de seus familiares para uma descentralização da gestão. Em suma, para a maioria das instituições financeiras não existe mais a centralização total na figura do fundador /família e a controladoria apresenta um papel um papel estratégico significativo fornecendo informações para a gestão dos negócios das instituições. Observa-se que a profissionalização da gestão das instituições financeiras com controle familiar está aprimorando os processos de gestão trazendo benefícios para a sua governança corporativa.

REFERÊNCIAS

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